Teatro do SESI-SP estreia o espetáculo Mary Stuart

Foto - Domingos Neto

A peça, um mergulho no universo dark medieval das rainhas rivais, tem direção de 
Nelson Baskerville, e é protagonizado por Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa. A estreia para o público acontece dia 19 de agosto

Em uma montagem moderna, vibrante e acessível ao grande público, o espetáculo Mary Stuart traz a versão contemporânea dos bastidores da rivalidade histórica entre a rainha da Escócia Mary Stuart e a rainha da Inglaterra Elizabeth I, protagonizadas, respectivamente, por Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa.

Com direção de Nelson Baskerville, a peça gira em torno da famosa disputa de poder entre as monarcas e estreia para público dia 19 de agosto de 2022 no Teatro do SESI-SP. Trata-se da adaptação de Mary Stuart, obra clássica do teatro alemão, escrita por Friedrich Schiller, feita por Robert Icke e traduzida por Ricardo Lísias. A montagem aconteceu em Londres, em 2017, onde obteve estrondoso sucesso.

Na pesquisa inicial para a encenação, o diretor dirige seu olhar para o universo dark medieval das histórias de reis e rainhas. “O contraste claro/escuro na iluminação e nas cores dos cenários remete ao cinema noir; assim como a luz indireta, ao expressionismo alemão”, diz.

A proposta de Baskerville é fazer com que o texto de 1800 se comunique de forma contemporânea com o público de hoje, provocando identificação, no sentido de se fazer reconhecer em uma trama de poderosos do hemisfério Norte nossa própria história e mazelas.

“A intenção é trazê-la para os dias de hoje, mantendo alguns elementos clássicos como coroas e vestimentas, sem prejuízo de sua essência e ao mesmo tempo tentar fazer com que nos reconheçamos dentro desse mundo com suas injustiças e disputas acirradas de poder”.

No cenário, dois ou mais níveis vão proporcionar a ideia do poder e seus ‘degraus’, “embora tanto o palácio de Elizabeth como a masmorra de Mary Stuart retratem a mesma prisão observa Nelson: “é interessante notar que as duas rainhas estão aprisionadas - Mary em sua masmorra e Elizabeth em seu mundo cercado de homens que tentam submetê-la às suas regras”.

Foto - Domingos Neto

Atores estarão em cena praticamente o tempo todo para criar o clima constante de que ninguém nesse lugar está sozinho, mesmo que pense que sim; pessoas escutam através das paredes e tramam. Na música, o diretor conta que “a inspiração inicial é a de Rick Wakeman e sua clássica obra As Seis Mulheres de Henrique VII, álbum icônico dos anos 1970, onde o compositor lançando mão de outro gênio, Bach, dedica uma música para cada uma das mulheres do rei; e sabemos que uma das homenageadas nessa obra é Ana Bolena, casada com Henrique, decapitada por ele e mãe de Elizabeth de nossa peça”.

Figurinos, maquiagem, cabelos e ornamentos recebem nova leitura sobre a época medieval, sem perder sua essência histórica. Importante por apresentar informações essenciais para a identificação dos personagens, o figurino é atualizado e não marcado ou datado, e sim atemporal.

Marichilene Artisevskis pesquisou a época na arte, no cinema e na fotografia. “Conforme vou conhecendo os personagens e amadurecendo a pesquisa, discuto os caminhos com o diretor”, fala, informando que a criação está em processo e que pretende trabalhar com vários tipos de tecidos e texturas. A proposta é mesclar informações do passado, presente e futuro para ressaltar a característica de cada personagem, numa combinação de linguagens do contemporâneo com o clássico.

O desenho cenográfico, idealizado por Marisa Bentivegna, pretende dar conta das camadas arquitetônicas da peça tanto quanto das simbólicas, que apontam para o sentido do poder e disputa política que são a base da história dessas duas rainhas europeias. Do ponto de vista arquitetônico, a peça se passa em sua maioria no palácio de Elizabeth I, em seus ambientes internos, com exceção do ato onde, finalmente, as primas monarcas se encontram pela primeira vez. Daí, sim, um ambiente externo.

Foto - Domingos Neto

Esses ambientes revelam uma rainha que é livre dentro do seu próprio palácio e da outra que está encarcerada no mesmo prédio, aguardando sua sentença e possível execução, numa cela subterrânea, um calabouço. "Esses espaços precisam, necessariamente, estar presentes na narrativa cenográfica, pois, além de situarem o público, serão usados como metáforas de poder", comenta Marisa.

Sobre a iluminação, Wagner Freire comenta: “o que posso adiantar é que trabalho com o encenador Nelson Baskerville há 40 anos, firmando profícua parceria em aproximadamente 35 espetáculos. Em Mary Stuart pretendemos intensa interação entre cenários e projeções já que a inspiração é em William Kentridge mundialmente conhecido por essa integração, criando uma atmosfera noir plena de luz e sombra típica de castelos e masmorras”.

A música estará presente como uma trilha sonora de filme, pontuando os climas de tensão e viradas da narrativa. Trará movimento e dinâmica para o jogo cênico proposto no texto, pontuando as cenas e os atos, levando-os a patamares cada vez mais densos e dramáticos deste ‘thriller’ de época trazido para a contemporaneidade.

“A estética musical será, ao mesmo tempo, grandiloquente, cinemática e transgressora, usando cordas orquestrais, guitarras, bateria e sintetizadores. O sistema ‘surround’ do Teatro do SESI-SP será amplamente utilizado para criar uma imersão de texturas sonoras na plateia e também situar o público na geografia dos acontecimentos do espetáculo”, explica Daniel Maia.

O audiovisual foi pensado de modo a executar duas funções narrativas: a de localizar o espectador no período histórico e a de traduzir em imagem as conspirações e intrigas políticas que constam do texto. Uma nova camada narrativa virá à tona a partir de recursos técnicos e estéticos, acessíveis ao audiovisual.

O diretor André Grynwask chegou a três camadas de imagens: “uma que flerta com as pinturas renascentistas do período histórico da peça, outra mais densa e a última camada feita por câmeras ao vivo. Personagens ardilosas, tramas e conchavos fazem com que a narrativa dos elementos audiovisuais seja bastante rica em imagens subjetivas, que acompanham os movimentos da dramaturgia”.

Confira abaixo trecho do espetáculo:


Ficha técnica
Mary Stuart
Adaptação - Robert Ick
Tradução - Ricardo Lísias
Direção Artística - Nelson Baskervill
Elenco - Virginia Cavendish, Ana Cecília Costa, Chris Couto, Genézio de Barros, César Mello, Fernando Pavão, Joelson Medeiros, Iuri Saraiva, Fernando Vitor, Alef Barros e Letícia Calvosa
Cenografia - Marisa Bentivegna
Figurinos - Marichilene Artisevskis
Iluminação - Wagner Freire
Trilha Sonora - Daniel Maia
Direção de Imagem e Videomapping - André Grynwask e Pri Argoud | Um Cafofo
Ilustrador - Luciano Feijão
Direção de Produção - Giovani Tozi e Virginia Cavendish
Produção Executiva - Felipe Calixto
Assistência de Direção - Anna Zêpa
Assistência de Produção - Ana Nicássia
Camareira: Andrea Lima
Assessoria de Imprensa - M. Fernanda Teixeira e Macida Joaquim | Arteplural
Social Media - Rodrigo Chueri
Direção de Arte Gráfica - Giovani Tozi
Fotografia - Priscila Prade
Coordenação de Projeto - Casa Forte SP Produções Artísticas
Apoio Administrativo - Lilian Damasceno
Assessoria Jurídica - Martha Macruz
Assessoria Contábil - Eliane Azevedo Contabilidade
Concepção - Virginia Cavendish
Realização - SESI-SP

Serviço
Mary Stuart
Temporada - de 19 de agosto até 27 de novembro
Local - Teatro do SESI-SP
Endereço - Avenida Paulista, 1313 - Consolação - São Paulo
Horário - quintas, sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h
Duração - 110 minutos
Reservas gratuitas pelo Meu Sesi (clique aqui)
Classificação - a partir de 14 anos. 
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